quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

RANITIDINA PODE CAUSAR INFECÇÃO E MORTE EM RECÉM-NASCIDOS

Ranitidina associada a risco de infecção e morte em recém-nascidos prematuros, de acordo com artigo do Pediatrics

Os recém-nascidos que apresentam muito baixo peso ao nascer e usam ranitidina (uma terapia para úlceras de estresse e doença do refluxo gastroesofágico - DRGE) têm cerca de seis vezes mais chances de morrer do que os recém-nascidos em situações semelhantes que não receberam a medicação, de acordo com os resultados de um novo estudo publicado pelo periódico Pediatrics.

O ácido gástrico mata agentes patogênicos e, por inibir a sua secreção, a ranitidina aumenta o risco de infecção, dizem os pesquisadores.

"A ranitidina deve ser administrada com cuidado em prematuros por causa do risco de doenças infecciosas graves, como a enterocolite necrosante, podendo levar a desfechos fatais", concluíram pesquisadores de nove centros de saúde na Itália, liderado por Gianluca Terrin, PhD, do Department of Women's Health and Territorial Medicine da Universidade La Sapienza, Roma, Itália.

O Food and Drug Administration não aprovou a ranitidina para uso em recém-nascidos prematuros, mas o uso desta medicação nesta população está aumentando.

A presente pesquisa multicêntrica e prospectiva é a primeira sobre morbidade e mortalidade associada à ranitidina em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer.

Para testar a segurança deste medicamento, os pesquisadores avaliaram 274 recém-nascidos com peso de nascimento variando entre 401 e 1500 gramas ou em idade gestacional entre 24 e 32 semanas, em quatro unidades de terapia intensiva neonatal italianas.

Quarenta e duas destas crianças receberam ranitidina para evitar úlceras de estresse induzido por doença. Outras 49 receberam a medicação por suspeita de DRGE. Os restantes 183 recém-nascidos não receberam ranitidina.

As duas populações não diferiram significativamente em suas características demográficas e clínicas. Além disso, as análises multivariadas mostraram que a prescrição de ranitidina por médicos não foi afetada pela idade gestacional dos bebês, peso ao nascimento, sexo, índice de Apgar, acesso vascular central ou ventilação mecânica.

Trinta e quatro bebês que receberam ranitidina desenvolveram infecções (37,4%), enquanto que 28 dos não expostos à ranitidina desenvolveram infecções, uma diferença significativa (P <0,001). Sepse foi a infecção mais comum, afetando 25,3% dos bebês que receberam ranitidina em comparação com 8,7% das crianças que não receberam a droga. Pneumonia (4,4% vs 0,5%) e infecção do trato urinário (7,7% vs 0,5%) compunham o restante das infecções, embora essas diferenças não alcançaram significância estatística. A duração do tratamento com ranitidina não afetou o risco de infecção. Os bebês que receberam ranitidina sofreram enterocolite necrosante a uma taxa de 9,8% vs 1,6% em relação aos que não receberam o medicamento (P = 0,003). Crianças que receberam ranitidina ficaram internados em média 52 dias no hospital, comparados a 36 dias para as crianças que não receberam a medicação (P = 0,001). Finalmente, 9,9% dos bebês que receberam ranitidina morreram vs 1,6% daqueles que não receberam a ranitidina (P = 0,003). "Os resultados deste estudo sugerem que a ranitidina deve ser administrado somente após uma consideração cuidadosa da relação risco-benefício", concluem o Dr. Terrin e seus colegas. Estudos adicionais são necessários para investigar as razões para o aumento dos riscos associados à ranitidina. Embora pareça que a droga mude o ambiente gástrico favorecendo o crescimento de patógenos, tais como Escherichia coli e Klebsiella pneumonia, sendo que ambos foram documentados neste estudo, a medicação pode também suprimir as defesas imunológicas, incluindo a produção de citocinas inflamatórias e interromper o equilíbrio Th1-Th2, segundo especulam os pesquisadores. Fonte: Pediatrics, publicação online de 12 de dezembro de 2011 NEWS.MED.BR, 2011. Ranitidina associada a risco de infecção e morte em recém-nascidos prematuros, de acordo com artigo do Pediatrics. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2011.

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